Acredito que o tempo confirmará esta minha reflexão: "A Suspeita" é um filme charneira no Cinema de Animação Português. Porquê?

 

Por um conjunto de factos que contribuíram para que esta ideia começasse a germinar na minha cabeça, há cerca de um ano. O que 2000 nos trouxe - e dele ainda esperamos muito... - veio reforçar e consolidar esta percepção.

 

Charneira.

Porque é o maior filme de animação de volumes feito até hoje em Portugal (25'). Consequentemente é também o mais avultado investimento num filme de animação integralmente produzido em Portugal.

 

Charneira,

porque um projecto com esta dimensão exigiu a colaboração de profissionais do argumento, de animadores especializados em marionetas, de actores profissionais para as vozes das marionetas, de um director de fotografia profissional, de um compositor profissional, de condições de prós-produção só possíveis em empresas especializadas do sector, a encomenda dos esqueletos das marionetas a uma das conceituadas firmas mundiais, etc. Isto é , desacreditem-se aqueles que possam pensar que "A Suspeita" é mais um filme de "bonecos animados" feito por amadores. "A Suspeita é o resultado da conjugação do talento e da experiência de profissionais com curriculum nesta e noutras áreas artísticas: Cinema, Televisão, Pintura, Teatro, etc.

 

Charneira,

porque por detrás de "A suspeita2 está um Produtor, espécie rara (infelizmente) em Portugal, conhecedor das realidades do Cinema de animação, visionário, arrojado, que investiu o que tinha e o que (ainda) não tinha, que soube seduzir-nos, que nunca desistiu e ainda não parou. Passado mais de meio ano sobre o lançamento do filme, a azáfama do Luís continua,  tão ou mais ardente do que em 1995. 

 

Charneira,

porque é um desses filmes genuinamente portugueses e, simultaneamente, universais. O acumular de prémios em festivais nacionais e internacionais, a venda do filme ao CanalPlus (Espanha e França) e à recente atribuição do Cartoon d' Or, o Óscar europeu, são a confirmação inequívoca da qualidade do filme.