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WINNER

MARIONETAS

 CENÁRIOS e ADEREÇOS
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Rodar o filme quase inteiramente num interior de uma carruagem de comboio

teve a vantagenm de não "agigantar" o trabalho de construção de cenários, mas emergiram duas dificuldades de relevo: a necessidade de mostrarmos paisagens através das janelas do comboio e o facto de este se encontar quase sempre em movimento

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PAISAGENS

Concebemos um sistema com três diferentes zonas de passagem de cenários.

Para se poder dar início ao trabalho de construção das marionetas, faltava ainda tomar uma decisão crucial: a sua escala; uma vez que essa medida condicionaria posteriormente a escala do compartimento , das malas de viagem, do canivete, etc.

 

Na animação de volumes, as marionetas são animadas "imagem por imagem", recorrendo o animador a ambas as mãos.

 

Este é um facto incontornável, a que se junta outro: o animador animará tanto melhor quanto mais a escala da marioneta se aproximar da escala das suas mãos.

 

Com isto queremos enfatizar que se a marioneta for demasiado pequena, os dedos do animador terão muita dificuldade em animar pormenores, como por exemplo as pálpebras. Contudo, uma marioneta demasiado grande  também cria problemas, pois as mãos do animador não conseguem animar a marioneta como um "todo".

 

Neste caso o animador é forçado a animar um braço depois o outro braço  e assim por diante. A consequência imediata é uma animação mais demorada e provavelmente menos perfeita.

​CONSTRUÇÃO         DAS MARIONETAS

PROCESSO:

Como em " A Suspeita", as marionetas estão sentadas 95% do tempo e os seus movimentos são dominantemente da cintura para cima,

decidimos construir as marionetas com uma escala acima do normal, isto é, superior à escala da mão quando a marioneta está de pé. Por exemplo, Jonas mede 50,5 cm de pé, mas quando sentado passa a medir 23 cm (cintura para cima)

 

Esta opção permitia-nos concentrar esforços numa animação de pormenor e, por outro lado, exigia um acabamento facial muito rigoroso, capaz de enriquecer todos os planos aproximados de peito.

Entretanto em Portugal, iniciávamos a construção dos protótipos das mãos, dos pés e das cabeças das personagens em massa de moldar que seca exposta ao ar

Quando terminamos esta tarefa, começámos a construção de cerca de sessenta moldes de silicone e resina. Esta foi uma das fases mais delicadas e morosas do projecto, pois tínhamos uma percepção muito apurada de como, por exemplo a expressão facial, condicionaria o envolvimento do espectador.

Os esqueletos chegam ao Estúdio

Para chegarmos à dimensão exacta para cada personagem, construímos um compartimento em cartão à escala de 1/10 e todas as marionetas em plasticina

Depois, desenhámo-las de pé, perspectivadas de frente e de perfil, e concebemos uma proposta de esqueleto para cada uma, precisando as articulações necessárias, de acordo com os seus desempenhos no filme.

 Mackinnon & Saunders

Estes esboços e estudos de pormenor foram enviados para a firma Inglesa Mackinnon & Saunders, especializada na construção de estruturas para marionetas, que produziu os cinco esqueletos articulados de rótulas das cinco personagens de "A Suspeita"

O grau de precisão é excelente. Se haviam dúvidas, tinham sido todas dissipadas. As marionetas que estavam a nascer reuniam todas as condições técnicas para se conseguir uma animação de qualidade muito elevada.

Seguiu-se a odisseia da espuma de latex.

Para a conseguir, é preciso misturar quatro componentes e o pigmento da cor pretendida, numa tigela durante 30 minutos, com o auxílio de uma batedeira eléctrica.
Depois a "mousse",  assim obtida, é vertida num molde que é fechado à 1ª tentativa no espaço de 3 minutos que é o tempo que a mousse leva a gelificar. A seguir os moldes vão ao forno, a uma temperatura de 120º C durante aproximadamente 2 Horas.

 

Depois do latex cozer, regressava o suspense no acto de abrir os moldes. Uma bolha de ar minúscula, uma junção desencontrada ou um depósito de água obrigar-nos-ia a repetir tudo outra vez.

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COMPARTIMENTO DA  CARRUAGEM 

Naturalmente , o compartimento foi o cenário que exigiu mais investimento, pois nele iria evoluir a maior parte da acção.

 

 

Enquanto parte da equipa se desdobrava nesta mescla de trabalho de cozinheiro e de artesão de filigrana, outros esculpiam em espuma o corpo das marionetas

Peitaças, barriguinhas, seios, enfim, tudo o que se esconderia por debaixo das peças de roupa

Para fazer os figurinos

Foi preciso descobrir tecidos muito elásticos, com a textura e os padrões à escala das marionetas.

 

Optámos por ajustar ao máximo as roupas ao corpo das marionetas, de forma a minimizar os movimentos "parasitas" da roupa durante a manipulação

Depois de construídas e vestidas

As Marionetas passaram às mãos  dos caracterizadores, que pintaram as unhas a Esmeralda e a Helena, e os cabelos e os sapatos dos cinco personagens.

 

Usámos uma mistura de tinta acrílica e de uma cola especial que continua elástica depois de seca.

 

Por fim, envelhecemos alguns adereços pessoais das personagens, como malas, sapatos etc., com a ajuda da aplicação de tintas diluídas.

 

As bocas, as pálpebras e as sobrancelhas foram construídas separadamente em massa FIMO que, depois de moldada e levada ao forno, mantém a forma e ganha rigidez

 

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