Filme é Luz
CARLOS B. CUNHA Director Fotografia
Quando me envolvi com "A Suspeita", gostei dela de imediato.
Apreciei os contornos elegantes do seu corpo ( cenário), a sofisticação desprendida com que se apresentava vestida (adereços), a graciosidade com que se movimentava (actores) o tom divertido com que falava (argumento) e a atmosfera geral que emanava ( equipa).
Só mais tarde me apaixonei irremediavelmente pelo filme...Entretanto, depressa percebi as vantagens duma jovem produtora independente como a Zeppelin Filmes era na altura. O tempo era gerido duma forma mais flexÃvel e racional, a pequena equipa (éramos quatro) estava sintonizada na mesma "onda" e todos trabalhávamos para o mesmo objectivo.
Fazer filmes é um acto de colaboração. É um erro redutor pensar que o director de fotografia é o responsável único pelo aspecto visual do filme.
Mesmo em termos de movimento de câmara e de enquadramento, o processo criativo envolve o realizador o director de fotografia e o operador de câmara.
O resultado final depende da conjugação de talentos e da capacidade do realizador para gerir as personalidades dos membros da equipa.
A iluminação é, contudo, o domÃnio exclusivo do director de fotografia. A Luz pode "cair" numa cena de incontáveis maneiras, pode criar os mais diversos ambientes...mas o meu desafio é sempre o mesmo, escolher a luz que melhor ajude a contar a história. Como já dizia F. Fellini: Filme é luz.